“Nossa soja é legal”, dizem indígenas do Mato Grosso

Um projeto vencedor realizado pelos indígenas Parecis resultou no plantio de 12 mil hectares de soja na região oeste do Mato Grosso. Essa tribo deveria ganhar um prêmio, pelo ineditismo e excelência da produção deste alimento tão importante para o mundo, no entanto, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) aplicou uma multa inédita de 129 milhões de reais nos Parecis e nos agricultores no ano passado.

Lideranças indígenas ouvidas pela reportagem são unânimes em dizer que a plantação é totalmente legal e classificam como absurda a aplicação da multa. “Nossa soja é legal, acompanhamos todo o processo em parceria com os agricultores da região”, dizem os indígenas.

Novo governo apoia o projeto

O motivo da multa, que está sendo discutida na justiça, seria que parte desta soja é transgênica. Por meio de nota, a Fundação Nacional do Índio (Funai) informou que apóia o projeto e que a área em discussão está em processo de demarcação, onde ainda não se pagaram as benfeitorias, e sobre a qual ainda há fazendeiros produzindo ( a mesma soja transgênica).

O órgão informou ainda que em 2013, com base no ajustamento, a Presidência da Funai solicitou do Ibama que se manifestasse orientando os indígenas para licenciarem sua lavoura, pedido que o Ibama nunca respondeu, apesar as inúmeras tratativas dos indígenas e da Funai e que desde o ano passado, solicitou que a AGU fizesse a defesa dos indígenas dada a inconsistência dos autos de infração.

Desde que tomou posse, o presidente Jair Bolsonaro tem se manifestado majoritariamente a favor dos Parecis e da permissão para a agricultura mecanizada em solo indígena.

Parceria

Produtores rurais ouvidos pela reportagem disseram que já há muito tempo,os agricultores perceberam que há possibilidade de dialogo com os indígenas, sempre respeitando os direitos deles.“O poder público no governo passado, queria isolar o índio e isso que gerava conflitos. Os agricultores perceberam que índios tinham necessidades básicas. Eles tem grandes reservas de terra, mas a Funai sequer dava semente. Os produtores se propuseram, em alguns casos, a plantar, colher e dar uma parte para os indígenas,melhorando a vida dos indígenas e a produção agrícola do Brasil. Esse contato direto entre os agricultores e os indígenas, ou por intermédio deste novo governo pode resultar em uma mudança histórica absurdamente benéfica para os indígenas e para a agricultura brasileira”.