Projeto melhora leitura e interpretação textual em escolas de Pinhais

O principal indicador de avanços são os resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que avalia o desempenho dos alunos do 5º ano do ensino fundamental

Primeiramente realizado na Escola Municipal Felipe Zeni, o Projeto Linha de leitura teve início em Pinhais no ano de 2015 e atualmente se estende a todas as escolas. Voltado para alunos do 3º, 4º e 5º anos, a iniciativa foi idealizada e implantada pela professora Lilia Maria Pontoni Wachowicz baseado em metodologias holandesas e na experiência da profissional. A iniciativa é realizada por meio da Secretaria Municipal de Educação (Semed) com o apoio do Rotay Club Curitiba Oeste.

O projeto didático tem como objetivo desenvolver a leitura fluente, além de incentivar o hábito de leitura. "Como consequência auxilia na interpretação textual, pois hoje a neurociência explica que quanto mais tempo você lê, mais tempo você tem para pensar no que está lendo, além de auxiliar em todas as disciplinas", explica Lilia Maria.

Lilia é brasileira e reside há 26 anos na Holanda e conta porque decidiu aplicar o projeto aqui. "Presenciava diariamente a realidade nas salas de aula e pensei porque não estruturar para o Brasil, então adaptei os textos especialmente voltados para alfabetização e há quatro anos tenho vindo uma vez ou duas ao ano para desenvolver o projeto", completa Lilia.

Para aqueles que acompanham o desenvolvimento do projeto, hoje a principal conquista alcançada são os resultados positivos no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que avalia o desempenho dos alunos do 5º ano do ensino fundamental. "É visível que o resultado do Ideb é o principal indicador do quanto avançamos. Podemos citar o exemplo da Escola Municipal Odile Charlotte Bruinjé, que abraçou a ideia e obteve 14 pontos a mais na avaliação. Vemos um resultado muito expressivo, pois atrelamos a fluência da leitura com interpretação de texto, e partir do momento que se lê fluente a interpretação fica muito mais fácil", acrescenta Maria Cristina Custódio, da Gerência do Ensino Fundamental da Semed.

O presidente do Rotary Club Curitiba, Marcelo Pardini Vicentini, explica que este é um projeto contínuo. "O Rotary estabelece que os projetos sejam contínuos. Sempre em parceria com uma entidade pública, implantamos para que depois deem continuidade. Percebemos que este projeto ficará muito maior, pois a educação é um dos principais projetos do Rotary Internacional", destaca Marcelo.

Célida Helena de Andrade Vieira, integrante do Rotay Club Curitiba Oeste responsável pelo projeto explica como se dá a parceria com a prefeitura para efetivação do Linha de Leitura. "Viabilizamos o material e a parte de formação fica a cargo da prefeitura com a contratação da Lilia. Depois de implantado o projeto a retorna para dar o suporte necessário. Mas, o objetivo futuro é de que se incorpore à didática e não será mais necessária a presença dela", reforça Célida.

Como funciona na prática

Uma vez que cada aluno possui um nível de leitura, após a realização de testes, a turma é divida em duplas que estejam no mesmo grau de desenvolvimento. Diariamente, cada aluno lê, em voz alta, um trecho do livro, assim auxiliam uns aos outros a corrigir a leitura. A dedicação para a atividade é de 15 a 30 minutos diários e são alcançados até oito níveis e no decorrer do ano as professoras fazem avaliações individuais que identificam a possibilidade de passar o aluno para o estágio seguinte.

"O projeto se torna eficaz porque desafia as crianças a vencerem todos os dias. O resultado positivo tem sido a aceitação, porque é difícil aplicar um projeto que empolgue as crianças, pois eles têm um mundo muito próprio, então faço um elogio à Lilia, pois este formato é muito eficaz. Então, o entusiasmo que vivenciamos é emocionante e esta iniciativa vem ao encontro de um dos objetivos do Rotary que é erradicar o analfabetismo", declara Célida Helena.

"O diferencial de Pinhais foi a vontade de fazer diferente e isso fez com que desse certo. Precisa ter a vontade política, a Prefeitura precisa querer abraçar o projeto, e não encontramos isso fácil em outras cidades. Desde o início Pinhais demonstrou a preocupação com a educação e abriu as portas", afirma o presidente.

"Percebemos que em termos de estrutura, de merenda, qualidade de ensino, bibliotecas bem supridas, não mudou porque em Pinhais elas já são ótimas, isso não há como questionar. Então, o diferencial foi o Linha de Leitura e com este novo formato, que abrange todas as escolas, criamos um compromisso ainda maior. Sempre fazemos questão de mostrar que este é um investimento que precisa ser valorizado. E quem ganha são, obviamente, os alunos, mas também a comunidade e os professores que terão alunos mais preparados, além de ser um legado para as escolas que fazem parte disso", finaliza Célida Helena.