MP descobre fraude de meio bilhão da B3/Tecnobank ás vésperas no início das operações no Paraná

O estado do Paraná está prestes a trazer o lobo para cuidar do galinheiro no mercado de registros de financiamentos de veículos.  Uma recente decisão do Pleno do Tribunal de Contas do estado, permitiu a entrada da empresa Tecnobank, empresa laranja da B3, quinta maior Bolsa de Valores do mundo, no mercado paranaense. 
Os conselheiros do Tribunal de Contas e  parte da imprensa no Paraná foram induzidos ao erro após a distribuição de dossiês falsos sobre o caso, conforme revelou o jornalista Cláudio Humberto em sua coluna no Diário do Poder. Esse material teve sua entrega coordenada pelo jornalista Mário Rosa, ex-gerenciador de crises indiciado na Operação Acrônimo em Minas Gerais junto com o ex-governador Fernando Pimentel,a pedido de Carlos Santana, Diretor-Presidente da Tecnobank, conforme fontes ouvidas pelo Agora Paraná. 
O conselheiro Ivan Bonilha já havia percebido a fraude e foi o relator do processo no Paraná. Para Bonilha a Tecnobank não poderia atuar, mas após a distribuição dos dossiês falsos, o conselheiro Durval Amaral, pai do deputado Thiago Amaral e tio do deputado Evandro Júnior, apresentou voto divergente, sob o argumento que mesmo investigada por fraudes, a empresa poderia prestar serviços no Paraná em nome da livre concorrência. Outros conselheiros acompanharam o voto divergente e por quatro votos contra dois, a Tecnobank poderá prestar serviços no Paraná.
No entanto, a verdade sobre uma fraude de mais de R$ 500 milhões, apenas em São Paulo, que tem lesado cotidianamente o erário e os consumidores foi revelada por um parecer emitido pelo Ministério Público de Contas em São Paulo, baseado em fartos documentos probatórios,  que revelou a existência de um Monopólio no registro de financiamentos de veículos no Dentran-SP operada pela B3/Tecnobank dentro do órgão.  A promotora do caso, Renata Constante Cestari  encaminhou o processo para a Promotoria do Patrimônio Público para investigar os possíveis atos de improbidade administrativa e se há participação de agentes públicos e também oficiou ao Cade. 
O Ministério Público de Contas de São Paulo trouxe em seu site oficial que este parecer foi amplamente noticiado nos estados do Paraná, Santa Cataria, São Paulo e Paraíba. Após a reportagem investigativa deste Agora Paraná, o responsável pela Diretoria de Veículos do Dentran-SP, Maurício Alves, um dos pivôs do esquema foi exonerado do cargo pelo governador João Dória, que teve arranhada sua imagem para uma possível candidatura a presidência da República em 2022 por estes atos de corrupção sistêmicos dentro do Detran-SP. Este imbróglio criou uma saia justa  para o governador do Paraná Ratinho Júnior, que tem pregado o combate a corrupção no estado, pois desta forma, o estado do Paraná, reconhecido pelo combate a corrupção por figuras como Sérgio Moro e Deltan Dellagnol, deu carta branca para uma empresa que está com o "nome sujo" e foi descoberta pelo Ministério Público de Contas em São Paulo e pode começar a aplicar o mesmo golpe no Paraná. 

Entenda o Caso

Uma investigação da CGU descobriu o monopólio da B3 no registro de financiamento de veículos. Isso porque ela já é responsável pela indicação dos gravames e se utilizava de informações privilegiadas para apontar o serviço de registros para ela mesma. 
 Baseado nesta investigação, o Contran emitiu a Resolução 689/2017, proibindo a B3 executar este serviço. Para continuar o monopólio,  o senador Ciro Nogueira, cacique do PP nacional e o deputado federal Hugo Motta (PRB-PB) indicaram para a direção geral do Denatran, Maurício José Alves Pereira, que foi catapultado de Patos-PB diretamente para a cadeira do cargo mais alto do Denatran, tornando-se Diretor Geral deste órgão em dezembro de 2017. Maurício Alves, que anteriormente foi diretor do Detran-PB em 2017, velho conhecido do deputado, chegou a fazer uma doação de R$ 5 mil para a campanha de Motta em 2014.
 Durante sua gestão no Denatran foi responsável pela Nota Técnica nº 032/2018 que desautoriza a resolução do Contran, favorece o Monopólio e cria um novo Modus Operandi com a “permissão” para continuar a fraude a partir de empresas Laranjas da B3, sendo a Tecnobank a principal delas. Além de ferir a resolução, a nota desmoraliza mais ainda o relatório da CGU, ainda que não tenha o poder de torná-lo sem efeito e nem se sobrepõe à Resolução 689/2017 do Contran.
Dessa forma se criou um esquema denominado na própria Nota Técnica como HUB, formado por empresas operando através da B3, permanecendo o monopólio e o esquema de corrupção e tendo como principal empresa a Tecnobank.
A nota foi assinada em tempo recorde, apenas seis dias, a partir de uma consulta realizada pela própria B3, sem passar pela área técnica e setor jurídico e assinada eletronicamente na madrugada, a meia noite e oito. Uma consulta semelhante tinha sido realizada anteriormente com a mesma solicitação, mas passou pelas áreas técnica e jurídica do Denatran e foi indeferida através da nota técnica 020/2018. Após cumprida sua missão em Brasília de favorecer as empresas B3 e Tecnobank com a nota técnica 032/2018, atualmente Maurício Alves atuava no Detran-SP como Diretor de Veículos até ser publicada sua exoneração nesta quarta-feira (14), conforme foi antecipado pelo Agora Paraná.  Em São Paulo a Tecnobank detém 99,9% do mercado e está sendo investigada pelo Ministério Público de Contas de São Paulo por fraude que ultrapassa R$ 500 milhões por ano.