Zoo reforça ações para reprodução do papagaio-de-cara-roxa

Se tudo correr conforme o esperado, em meados de setembro ou outubro, na próxima primavera, o Zoológico de Curitiba terá novos papagaios-de-cara-roxa. Os animais são o foco, neste ano, das atividades do programa de reprodução de psitacídeos, desenvolvidas pelo Departamento de Pesquisa e Conservação da Fauna da Secretaria Municipal do Meio Ambiente.

Hoje, há sete casais da espécie no criadouro do Zoológico. Apesar de terem sido as primeiras aves estudadas, ainda não houve sucesso em sua reprodução. Para tentar mudar essa história, recintos ainda mais reservados, com mais vegetação e mais ninhos, estão sendo providenciados pela equipe parta facilitar a reprodução.

“Trabalhamos também com o reforço da alimentação e no monitoramento da saúde dos animais”, conta a chefe de Fauna do Zoológico de Curitiba, a bióloga Nancy Banevicius. Além do cara-roxa, os papagaios-charão também devem ter atenção para a reprodução agora em 2017. Dois novos casais vieram do Rio Grande do Sul para o projeto, por meio de uma parceria com a Universidade de Passo Fundo.

O objetivo do programa, reforça a bióloga, é ter população viável e áreas verdes para que os animais possam se reproduzir em vida livre. A diretora do departamento de Pesquisa e Conservação da Fauna da Secretaria do Meio Ambiente, Marcia Arzua, reforça a importância do projeto. “Garantir esse espaço para a reprodução de espécies ameaçadas é uma das funções primordiais do Zoológico”, diz.

Chegada dos filhotes

O trabalho de preparação dos recintos para a reprodução acontece nos meses mais frios. Quando começa a esquentar, durante a primavera, é hora de verificar os ninhos em busca de ovos. Os filhotes nascidos passam por exames de sexagem, são identificados e chipados. Caso sejam enviados para novos projetos de reprodução, é possível saber quais são da mesma família e quais podem formar novos casais.

Dos recintos dos pais, eles vão ganhar independência nos voadouros. “Enquanto eles ainda não são encaminhados para outros projetos de conservação e soltura, mantemos o mínimo contato humano com os filhotes”, conta Nancy. “A ideia é que eles mantenham o estranhamento em relação aos humanos, o que vai garantir a sobrevivência na natureza”, completa.

Casos de sucesso

O Zoológico de Curitiba foi o primeiro do País a fazer a reprodução em cativeiro do papagaio-chauá. E teve grande sucesso na reprodução e soltura dos papagaios-de-peito-roxo. Seis aves da espécie foram para a vida livre em 2015, no Parque Natural das Araucárias, em Santa Catarina. Os animais soltos são monitorados anualmente com a ajuda de um radiocolar.

História

Foram os papagaios-cara-roxa que deram origem ao projeto, em 2002. O biólogo Pedro Scherer, hoje voluntário no Zoológico, foi quem começou os estudos. Em 1982, quando era funcionário da Prefeitura, no Museu de História Natural do Capão da Imbuia, iniciou o trabalho de campo para coletar informações sobre a população dos cara-roxa na natureza.

Ele conta que estes papagaios são endêmicos do Litoral do Paraná, Sul de São Paulo e Norte de Santa Catarina. Na época, muitas dessas aves eram retiradas do seu habitat natural para o tráfego. As apreensões acabaram levando-as para o Zoológico, o que acabou incentivando o trabalho de reprodução para recuperar a população.

Os primeiros recintos para a reprodução em cativeiro foram construídos em 2002 com o apoio da SPVS (Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental).