Servidor alia o trabalho firme de guarda municipal ao olhar para o ser humano

Uma equipe escolhida a dedo tem feito um trabalho diferenciado nas ruas da cidade. Formado sempre por três guardas municipais, o grupo faz a abordagem de pessoas em situação de rua. “É preciso ter equilíbrio, gostar do que faz, acolher a pessoa que está naquela situação”, resume Luiz Theodoro da Silva, guarda municipal há 16 anos, responsável por uma das equipes encarregadas desta atividade.

Desde que o trabalho começou, em outubro de 2018, ele participou da abordagem de aproximadamente 2 mil pessoas, grande parte na região central da cidade.

Assim que inicia a abordagem, Theodoro e sua equipe, formada pelos guardas Elizandra Silva de Lima e Leandro dos Santos Machado, buscam no aplicativo da Secretaria de Segurança Pública do Estado dados do cidadão que está sendo abordado. Por ali é possível saber se existe algum mandado de prisão.

“Hoje em dia, muitas vezes, o bandido se esconde na rua”, observa Theodoro. Com esta primeira verificação, a equipe consegue saber se aquela pessoa é alguém que está sendo procurada pelas forças policiais. Em menos de 15 meses, já foram mais de 200 prisões de foragidos da Justiça.

Durante a triagem, a equipe também verifica se a pessoa tem algum problema de saúde, se precisa ser encaminhada para atendimento. E na rotina de Theodoro, ele também oferece ajuda. “Concilio o trabalho como guarda municipal com o lado humano. Procuro tratar as pessoas como eu gostaria de ser tratado. Aquela pessoa que está numa situação difícil poderia ser eu, meus filhos ou meus pais”, compara.

Histórias de vida

“Vemos muitas histórias de abandono. Sabemos os nomes de muitos deles e acabamos conhecendo um pouco da vida de cada um”, conta. Segundo ele, neste período, houve cerca de 80 pessoas que precisaram de internação em clínicas de recuperação. “Entendendo o que cada um passa, procuro encontrar uma forma de ajudar”, explica.

Na opinião de Theodoro, um dos problemas sérios é a esmola. “As pessoas dão dinheiro, comida. Isso não ajuda. Melhor seria ligar para o 156 e acionar a Prefeitura, que pode dar o encaminhamento correto para cada situação. Muita gente sai da rua, volta para a família, se reestrutura”, diz ele. “Tem gente que só está na rua porque a rua oferece o que eles precisam”, completa.

A equipe de Theodoro faz parte do Grupo de Pronto Emprego Operacional (GPEO), que atua principalmente na região central com abordagem para identificar pessoas suspeitas, apoio e orientação ao cidadão, repressão ao uso, porte e tráfico de drogas e a crimes e delitos das mais variadas naturezas, como furto, roubo, pichação, vandalismo, ameaça, direção perigosa e importunação sexual. O GPEO atua 24 horas por dia.

As equipes reúnem guardas experientes com outros que ingressaram há menos tempo na corporação.

Trabalho integrado

Além da ronda que o grupo faz diariamente, eles atendem solicitações que chegam pela Central 156 e outras da Fundação de Ação Social (FAS), que tem equipes de educadores sociais que também fazem abordagem.

O trabalho da Guarda Municipal é feito de forma integrada com a FAS, que pode ser acionada para encaminhar o cidadão para algum atendimento, e com a Secretaria do Meio Ambiente, quando é preciso chamar a limpeza pública para garantir o recolhimento do que for abandonado nas ruas.

Nestas situações, antes de acionar o caminhão, a pessoa que estava na rua é informada que deve retirar os pertences que quer levar consigo, para que o caminhão remova o que restar.

Theodoro tem participado do curso de formação técnico-profissional para os novos guardas. “Falamos sobre o ser humano em situação de rua. É como cidadão que cada um de nós, guardas, temos que enxergar estas pessoas. Não é preciso truculência. Nosso papel é prevenir, conversar, dialogar. A rua não é moradia”, disse.

O guarda municipal acredita que parte do sucesso do seu trabalho se deve à confiança depositada pela chefia. “Recebo apoio e tenho liberdade para realizar este trabalho”, declara Theodoro, que também é pastor evangélico.