Prefeitura de Curitiba melhora capacidade de transporte de passageiros no eixo Norte-Sul
O Ligeirão Santa Cândida/Praça do Japão está em operação desde a última quinta-feira (28/3). A nova linha do transporte coletivo circula do Terminal Santa Cândida até a estação-tubo Bento Viana, na divisa dos bairros Água Verde e Batel. Esta é a primeira etapa da linha, que começou a operar com novos biarticulados.
A entrada em operação do ligeirão marca uma evolução do sistema de transporte coletivo no corredor Norte-Sul, que começou a ser usado em Curitiba no ano de 1974. Juntamente com o sistema viário e o uso do solo, o transporte coletivo compõe a base do plano de desenvolvimento curitibano.
“Mobilidade é a soma de transporte, trânsito e planejamento urbano. Este é o conceito de mobilidade. Não é só fazer o trânsito andar”, afirma Euclides Rovani, que foi diretor de Transporte da Urbs por mais de 30 anos e participou da implantação da primeira linha de expresso de Curitiba no corredor Norte-Sul, em 1974.
O Plano Diretor de 1966 promoveu a alteração da proposta de crescimento da cidade da forma concêntrica radial (em formato de caracol, definida no Plano Agache) para um modelo linear de expansão e desenvolvimento urbano.
Sistema trinário
Foi da cabeça do arquiteto Rafael Dely, então presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), que saiu o desenho do sistema trinário de vias que têm ao centro o eixo exclusivo para os ônibus (hoje biarticulados), ladeado de pistas lentas em sentidos opostos para o tráfego local. E em paralelo a esse conjunto as vias rápidas também em sentidos opostos que ligam o centro ao bairro e vice-versa.
“No Plano Diretor estavam previstos os eixos. Mas a ideia de não apenas alargar a rua para caber todos (carros e ônibus) dividindo as pistas num mesmo eixo, veio de uma sacada do Rafael (Dely). Isso para integrar o tráfego local e o comércio num eixo animado com pistas exclusivas para o transporte com vias locais de tráfego lento nas laterais”, diz o arquiteto Carlos Ceneviva, um dos coordenadores da equipe que implantou os eixos estruturais, ex-presidente da Urbs e Ippuc e que hoje é assessor de projetos do Instituto de Planejamento.
Nesses eixos (norte, sul, leste e oeste) é permitido construir com altura livre, desde que respeitado o cone da aviação e as regras de zoneamento.
Por uma foto aérea ou num mapa é possível facilmente notar a escala do zoneamento e o desenho urbano de Curitiba. É como se fosse uma pirâmide, do maior para o menor, sendo a estrutural o (ZR4) ponto mais alto em permissão de construção descendo em escala para as Zonas Residenciais ZR3, ZR2 e ZR1.
Exclusivo e inédito
Curitiba foi pioneira no Brasil a ter uma pista exclusiva ao transporte público. O eixo Norte-Sul inaugurou o funcionamento dos ônibus expresso em Curitiba, em 22 de setembro de 1974. Foram colocados em operação 20 ônibus, sendo oito para a linha Santa Cândida/Rui Barbosa e outros 12 veículos na linha Capão Raso/Passeio Público.
No trecho sul, a linha Capão Raso/Passeio Público começou a funcionar com uma capacidade de 25 mil passageiros por dia. No norte, a linha Santa Cândida/Praça Rui Barbosa transportava 12 mil passageiros por dia.
Os primeiros ônibus expressos tinham capacidade para 90 passageiros. Eram do tipo Padron, com chassis baixos. Os desenhos foram feitos no Ippuc, as carrocerias fabricadas em Caxias do Sul (RS) e o chassis e o motor fabricado na Bahia.
Ônibus sob encomenda
Na década de 80, a cidade se manteve na vanguarda com a operação dos ônibus articulados, desenvolvidos especialmente para Curitiba, com capacidade para 150 passageiros.
Em 1992, os biarticulados com espaço para 230 passageiros passaram a circular no eixo Boqueirão e, em 1995, na primeira gestão do prefeito Rafael Greca, entraram em operação no Eixo Norte-Sul. Em 2011 vieram os Ligeirões para 250 passageiros.
Nova frota
Os veículos da nova frota de ônibus, que começaram a operar na última quinta-feira (28/3), na primeira fase do Ligeirão Norte-Sul, também têm diferenciais exclusivos para Curitiba.
Nesta primeira fase de 11 quilômetros entre o Norte da cidade até a estação Bento Viana, na Água Verde, serão transportados 36 mil passageiros por dia.
A Prefeitura já tem aprovados R$ 15 milhões, junto a Caixa Econômica Federal, para cinco projetos da segunda etapa do Ligeirão Norte-Sul, até o Terminal Capão Raso.
A licitação das obras depende da liberação dos recursos por parte do governo federal. Os projetos aprovados pela Caixa são para intervenções no eixo de transporte da Avenida República Argentina que permitirão que os Ligeirões ultrapassem os Expressos da linha paradora de forma alternada nas estações Silva Jardim, Dom Pedro I, Morretes, Carlos Dietzsch (Igreja do Portão) e Itajubá.