Curitiba reforça meio ambiente com ações para rios, árvores e de energia limpa
Cuidar da cidade e incluir as pessoas nesse processo. Com esses objetivos, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente manteve o foco na conservação dos espaços verdes e urbanos e conseguiu grande adesão da população de Curitiba em 2019.
Um dos exemplos é o programa Amigo dos Rios, que tem entre as suas premissas a limpeza, preservação e cuidado com os corpos hídricos, tudo isso com a formação de comitês de cidadãos para ajudar nesse trabalho.
Desde setembro, o projeto 100 Mil Árvores para Curitiba, que busca completar o plantio desse número de mudas nativas até setembro do ano que vem, também vem conseguindo a adesão de crianças, empresas e das Forças Armadas em plantios comunitários.
Já são 30 mil novas árvores em menos de três meses de lançamento do desafio. “Essa é a nossa grande conquista, porque o meio ambiente é de todos e é para todos”, afirma a secretária do Meio Ambiente, Marilza Oliveira Dias.
Com o cuidado, vem sendo possível revitalizar, também, áreas como o Centro Histórico de Curitiba com o programa Rosto da Cidade. As famílias que voltaram a passear pela região, com fachadas pintadas e não pichadas, também podem incluir o novo Passeio Público de Curitiba no roteiro.
Rios limpos
Um dos grandes desafios do país é ampliar o saneamento básico. “Nós temos 97% de rede de esgoto, somos uma cidade considerada rumo à universalização por rankings nacionais, mas não nos acomodamos”, reforça a secretária Marilza.
Firmado ainda em 2018, o novo contrato com a Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) foi o ponto de partida do programa Amigo dos Rios, que conta com diversos departamentos da Secretaria do Meio Ambiente, Secretaria de Obras Públicas e Governo do Estado.
O Amigo dos Rios foi lançado em abril deste ano e já começou envolvendo a população – um dos seus principais objetivos. Até agora, mais de 100 mil pessoas foram sensibilizadas em ações de Educação Ambiental.
A consultora imobiliária Iara Regina Roda Sperry é moradora da Avenida Cândido de Abreu e integra o comitê Belém Centro. Ela conta que sempre que tem a oportunidade, orienta as pessoas sobre não jogar lixo no rio.
“Queremos um rio limpo, sem esgoto e mau-cheiro, condizente com a cidade em que vivemos”, justifica.
Para o economista aposentado Almir Silva, que conheceu o Amigo dos Rios em uma ação no Bosque Alemão, durante as férias de julho, enquanto passeava com o filho e os netos, projetos como este são "a cara de Curitiba". “É muito importante envolver a comunidade – crianças e a população geral”, avalia.
Até outubro foram realizadas, ainda, mais de 35 mil vistorias de ligação de rede de esgoto. Aproximadamente 86 quilômetros de redes coletoras de esgoto estão sendo revitalizadas e/ou complementadas.
Para recuperação de lagos e rios, estão sendo realizadas ações de limpeza e plantio de árvores, além de obras de perfilamento, muros de contenção, drenagem, dragagem e desassoreamento.
Para que a população conheça e se aproprie dos rios, também há uma nova sinalização. São totens que contêm a identificação, localização, bacia hidrográfica e um QR-Code, que possibilita acesso a mais informações sobre o rio. Placas de identificação em pontos de transposição de vias públicas completam o trabalho.
100 mil novos filtros de ar
Com 320 mil árvores em vias públicas, a cidade lançou um desafio ousado para a população: ter 100 mil plantios de árvores nativas de setembro de 2019 a setembro de 2020. Com quase três meses de lançamento, em meados de dezembro, foram 30 mil novas mudas.
Plantios comunitários e de alunos de escolas municipais e particulares da cidade vêm sendo os grandes responsáveis pelo número. Mas empresas e até mesmo as Forças Armadas estão envolvidas na causa. “E todo mundo sabe a diferença que uma árvore pode fazer no mundo”, diz a secretária Marilza.
Para a coordenadora do projeto Plant For The Planet Curitiba – uma iniciativa mundial pelo plantio de árvores e contra mudanças climáticas -, Marina Julião, um desafio como esse é um sonho realizado.
“Há tempos queríamos um evento desse porte para que as crianças entendam e multipliquem a importância das árvores, é uma alegria gigantesca”, comemora.
De cara nova
Nas áreas urbanas, a limpeza e o cuidado passam por prédios históricos e patrimônios sem pichação, por onde a população não tenha receio de circular. Essa é a premissa do programa Rosto da Cidade, que já promoveu limpeza e aplicação de resina antipichação em 23 imóveis públicos e 46 particulares.
Com seis etapas, o programa é desenvolvido em conjunto com o Ippuc, Fundação Cultural de Curitiba e Secretaria de Obras Públicas; e prevê melhorias na iluminação e acessibilidade em todo o perímetro dos imóveis do setor histórico da cidade.
O mais antigo parque de Curitiba, o Passeio Público, faz parte dessa rota e ganhou um grande trabalho de revitalização. “Queremos trazer as famílias de volta à unidade de conservação, recuperar a vocação de lugar de lazer e contemplação”, explica o diretor de Parques e Praças, Jean Brasil.
Mais bancos foram colocados para maior conforto e apreciação do público e toda a grama foi recuperada. Foram plantadas 58 mil mudas de flores e 133 mudas de árvores nativas.
No lago, entre a nova praça do Passeio e a Ilha da Ilusão, foi instalado um deck de madeira. O trabalho teve ainda pintura e reforma dos banheiros, mudanças nos recintos de animais, restauração de bustos e placas e podas de árvores.
A revitalização do Passeio Público atendeu ao objetivo de promover a integração visual do parque, favorecer a circulação de pessoas e resgatar a identidade e o valor histórico do local.
Resgate que também acontece no Jardim Botânico de Curitiba. A revitalização, que ainda vai contemplar um espaço cultural, começou com uma reforma completa na estrutura da estufa que abriga plantas da Mata Atlântica, um trabalho que durou dez meses e foi a primeira grande intervenção desde a inauguração da unidade de conservação.
Neste ano aconteceu, ainda, a entrega da restauração do Palácio Belvedere, prédio histórico que agora abriga a Academia Paranaense de Letras e um café.
Manutenção
Em 2019, receberam melhorias, ainda, o Parque Barigui, os parques Tanguá, Tingui e a Avenida Manoel Ribas, que ganharam sistema automático de irrigação; Parque Náutico; e Parque Túlio Vargas.
Além do Parque dos Tropeiros; Parque Bacacheri; Parque Barreirinha, que abriga agora a Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente. E da revitalização das canchas e playgrounds do Bosque Pilarzinho; Bosque São Nicolau; Parques Atuba; São Lourenço; Caiuá; Diadema; Passaúna; Vilinha do Atuba; e do Parque Cambuí.
No Bosque Papa João Paulo II, o portal da Mateus Leme recebeu resina antipichação, assim como o portal Mila, do Bosque Alemão, que teve seu mirante inteiramente reforçado.
As praças Tito Schier, Bento Mossurunga, Rui Barbosa, 29 de Março, Arlene Hansel, Nossa Senhora da Salete e Himeji também receberam melhorias. Houve revitalização geral, ainda, do Eixo de Animação Santa Catarina; da Praça Brigadeiro Eppinghaus; da Praça Eufrásio Correia; e da Praça Nossa Senhora da Glória, com recuperação da imagem da Santa, reforma do calçamento e implantação de paisagismo.
Jardim da Ordem, São Braz, Santa Quitéria, Sítio Cercado e Vila Verde são apenas alguns dos bairros de Curitiba beneficiados com novas áreas de lazer em 2019. No Parque Gomm, no Batel, mais uma etnia foi homenageada com a implantação do Memorial Inglês.
Biodiversidade
Com um convênio firmado com o Instituto Ambiental do Paraná (IAP), o cuidado com a fauna silvestre foi reforçado em 2019. O Centro de Apoio à Fauna Silvestre (CAFS) fez o atendimento e o acolhimento a 2,2 mil animais, vindos de fiscalização ou encontrados em risco pela população.
Depois de tratados, os bichos recebem a melhor destinação, de acordo com a avaliação do órgão do Estado. Algumas aves silvestres foram soltas na região do Parque Náutico do Iguaçu em evento da Secretaria do Meio Ambiente, na Semana do Meio Ambiente.
E o Jardins de Mel, programa que busca recuperar a população de abelhas sem ferrão, polinizadoras de 90% das plantas brasileiras, chegou a 46 espaços públicos em 2019. O destaque é a ampliação das caixas para as escolas da rede municipal.
Proteção animal
A parceria da Rede de Proteção Animal com as ONGs e protetores de animais foi reforçada em 2019 com a implantação do Banco de Ração, a partir de setembro, que já distribuiu 37,5 toneladas de alimentos para 8 ONGs e 120 protetores cadastrados.
O Banco foi instituído pela Lei Municipal 15.449 e regulamentada pelo Decreto 1.226/2019, que autorizou o recebimento dos insumos de estabelecimentos comerciais e industriais, apreensões e doações.
Um novo site, com ferramentas mais modernas para cadastro e inscrição para os eventos de castração foi outra grande conquista. “Conseguimos dar mais celeridade e transparência ao processo de castração”, lembra Edson Evaristo, diretor de Pesquisa e Conservação da Fauna.
O ano fecha com mais de 17 mil castrações de cães e gatos. Desde 2017, o número chega a 42,4 mil. Entre os beneficiados está a gata Bela, da pequena Manoela Duarte, de 3 anos, que foi com os pais, o motorista Rodrigo Duarte e a cuidadora Kaiene Duarte – à ação de castração da Prefeitura no Caximba, em maio.
“Temos uma cadela já castrada pela Prefeitura. É importante para prevenirmos o abandono desses filhotes”, contou a mãe. “Ainda tivemos um ótimo atendimento no processo de inscrição e agendamento para a cirurgia”, completou.
Proteção animal em números
160 animais resgatados em dois meses do Serviço de Emergência (iniciado em outubro)
345 animais de pequeno porte (cães, gatos e coelhos) e mais 81 animais de grande porte (cavalos e bois) adotados
19 mil animais identificados por microchip (44,5 mil desde 2017)
37,5 toneladas do Banco de Ração entregues a 8 ONGs e 120 protetores de animais parceiros das ações da Rede
17 mil castrações de cães e gatos (42,7 mil desde 2017)
4 mil animais atendidos nas avaliações clínicas gratuitas e campanhas de vacinação de cães e gatos
Energia limpa
Curitiba já está entre as cidades com o menor índice per capita de emissões de gases do efeito estufa, de acordo com o Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa da Cidade de Curitiba, divulgado no fim de novembro. Mas a busca pela redução desses números não para.
Prova disso é o programa Curitiba Mais Energia, responsável pela implantação de energia solar no Palácio 29 de Março – por meio de chamada Pública da Companhia Paranaense de Energia Elétrica (Copel), com recursos da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
E pela Central Geradora Hidrelétrica Nicolau Klüppel, na queda d´água do Parque Barigui com doação da Associação Brasileira de Pequenas Centrais Hidrelétricas (Abrapch).
A cidade trabalha também – com apoio e recursos do C40, rede de cidades unidas no combate às mudanças climáticas – na estruturação de projetos para a implantação de usinas fotovoltaicas no bairro Caximba, na Rodoviária e nos Terminais Pinheirinho, Santa Cândida e Boqueirão.
Rejeitos
Curitiba recebeu, também neste ano, autorização ambiental para o aproveitamento energético de rejeitos da reciclagem nos fornos de cimenteiras, como CDR (Combustível Derivado de Resíduo).
Substituto do coque de petróleo (material sólido final rico em carbono que deriva do refino de petróleo), usado como combustível para a fabricação de cimento, o CDR traz uma série de benefícios: redução das emissões de carbono (que causam o efeito estufa), diminuição de passivos ambientais nos aterros sanitários, economia financeira para o município (que deixa de pagar o custo de aterro) e geração de renda para os catadores e recicladores.
São encaminhados para as cimenteiras da Região Metropolitana de Curitiba os rejeitos dos resíduos que são recebidos e triados pelos associados do Ecocidadão. “Ou seja, trata-se do que hoje não é mercado da reciclagem e até então iria parar no aterro sanitário”, explica a secretária do Meio Ambiente.
Licenciamento ambiental online
Em 2019, a Secretaria do Meio Ambiente deu início à modernização da emissão de licenças ambientais. As mudanças começaram em agosto e o acesso ao documento passou a ser online, trazendo mais comodidade ao serviço ofertado aos cidadãos.
Ao ano, são efetuados 25 mil procedimentos de autorização e licenciamento ambiental, distribuídos entre 24 serviços. Cerca de 15 mil autorizações, licenças ambientais e pareceres já podem ser impressos pelo próprio interessado, sem necessidade de deslocamento às unidades da Secretaria de Meio Ambiente.
"Já reduzimos a impressão e o deslocamento para que as pessoas obtenham seus documentos. É uma contribuição para o nosso plano de redução das emissões de gases", comenta a secretária Marilza Dias.
A próxima etapa, ainda sem data definida para funcionamento, será a possibilidade de protocolar alguns serviços sem a necessidade de comparecer às unidades da Secretaria.