Educação por princípios são as mais bem colocadas no ranking do MEC. Conheça como funciona o método
Após a indicação do nome de Iolene Lima para assumir a Secretaria Executiva do Ministério da Educação do governo Federal, o tema da educação por princípios veio a pauta, mas com recortes que não correspondem a verdade sobre o tema. Por isso, o jornal Agora Paraná procurou o presidente da Associação de Escolas Cristãs de Educação por Princípios (AECEP), Roberto Rinaldi Jr, para conhecer um pouco mais sobre o tema. A educação por princípios foi estruturada em 1965, mas se formos avançar na história, percebemos que já na Reforma Protestante, Martinho Lutero participou de uma revolução da educação no mundo. As escolas por princípios espalhadas pelo Brasil estão no topo de avaliação pelo MEC.
A exemplo do Colégio Inspire em São José dos Campos, que se destaca nos primeiros lugares nos últimos dados divulgados pelo MEC entre os mais bem ranqueados tanto em redação quanto na avaliação geral pelo ENEM, os demais colégios confessionais cristãos e evangélicos da associação também se posicionam na liderança em suas cidades. São colégios que prezam pela qualidade acadêmica, ambiente saudável para o desenvolvimento humano e valores e princípios de vida integral.Confira a entrevista e entenda como funciona a Educação por princípios.
Agora Paraná – O que é a Educação por princípios? De onde se originou?
Roberto Rinaldi Jr – A Educação por Princípios é uma abordagem clássica de ensino e aprendizagem reflexiva, que promove raciocínio sobre relações de causa-efeito em cima de princípios, alinhados com a Bíblia, para desenvolver competência realizadora e caráter com uma cosmovisão cristã. Foi estruturada originalmente nos EUA em 1965 pela FACE – Fundação para Educação Cristã Americana, a partir de profundas pesquisas feitas na história da Constituição desse país. Identificaram um método presente no modelo colonial de educação, que propiciou a base para formação da primeira república e sustentação de uma grande nação com liberdade, prosperidade e valorização da vida, fundamentada em princípios bíblicos governamentais. A partir daí muitos outros colaboradores surgiram aplicando e expandindo essa abordagem, chamada lá de Principle Approach (Abordagem por Princípios).
Aqui no Brasil fomos inspirados pela FACE e por outros ministérios educacionais, principalmente do Dr. Paul Jehle que publicou muito material com uma visão mais universal de sua aplicação. Combinamos essas ricas influências com nossa própria experiência, e formatamos a Abordagem Educional por Princípios – AEP, como temos registrado atualmente.
Agora Paraná – Quais os resultados esperados na aplicação dessa metodologia?
Roberto Rinaldi Jr – Resumidamente, a AEP contribui para formar erudição baseada numa cosmovisão cristã, auto-governo, responsabilidade e liderança servidora, como indivíduos aptos a usarem seus talentos em benefício do próximo e poderem cumprir o propósito de Deus em suas vidas.
Agora Paraná – Ele preza pelo academicismo também?
Roberto Rinaldi Jr – Sem dúvida! Excelência acadêmica é foco das escolas que adotam essa abordagem, por questão até de coerência com nossa visão de honrar a Deus fazendo o melhor, servir às famílias participantes no desejo de abençoar as próximas gerações, e contribuir para desenvolvimento da sociedade e da nação. Nossa conferência anual este ano tem como temática resultados, desafiando os membros de nossa associação a trabalharem para gerar mais valor, demonstrável de várias formas e reconhecido pela comunidade.
Agora Paraná – Ela é aplicável às escolas em geral ou especialmente em escolas confessionais?
Roberto Rinaldi Jr – Se considerarmos a filosofia da AEP, que contempla a soberania de Deus, a fundamentação bíblica, a expectativa de formar caráter cristão em aliança com as famílias participantes, dificilmente se enquadraria no sistema púbico, com uma agenda explicitamente laica. Por outro lado, várias práticas da AEP tem sido reconhecidas pela pedagogia moderna e pela Neurociência, além da ênfase na formação do caráter, que assim poderiam pelo menos ser uma boa influência em qualquer meio educacional.
Agora Paraná – Qual foi a influência da AECEP nas escolas e quantas escolas por princípios existem no Brasil?
Roberto Rinaldi Jr – A AECEP não é uma agência controladora ou certificadora, ela se propõe a desenvolver, disseminar conhecimento e práticas da AEP para as instituições que vem nisso valor. Trabalhamos de forma colaborativa, com vários parceiros nacionais e internacionais, para produzir material, realizar treinamentos e prestar serviços, representando o interesse das escolas associadas. Somos atualmente quase 130 escolas no Brasil, além de 40 afiliados pessoa física, e temos também atuação missionária em 4 países da África. Aliás, a AEP vem sendo utilizada em trabalhos sociais, com serviços de contraturno em comunidades em situação de vulnerabilidade, pois nossa missão abrange servir a família na formação da próxima geração e no desenvolvimento saudável da nação.
Agora Paraná – Existem materiais ou referenciais teóricos acerca desse método?
Roberto Rinaldi Jr – A AECEP tem traduzido e publicado materiais de referência, oferecemos treinamentos EAD para centenas de professores, temos um mestrado em parceria com universidade dos EUA, e estamos para lançar uma pós-graduação com parceiro local, o que pressupões referencias teóricos. Na loja de nossos website muito disso isso está disponível. Nos EUA, além das muitas escolas e instituições que trabalham com essa abordagem, está para ser lançado este ano um mestrado em Principle Approach, aproveitando a grande riqueza de instrutores e materiais disponíveis
Agora Paraná – Quem são os autores e qual é a abrangência dessa metodologia?
Roberto Rinaldi Jr – Sobre autores acredito que já tratei. Quanto à abrangência, a AEP pode ser aplicada em qualquer contexto educacional. Temos parceiros desenvolvendo material e cursos para ser usado em igrejas para escola dominical e treinamento de liderança, em serviços e ações de desenvolvimento social, em contra-turno escolar. E logo teremos sendo utilizada também no ambiente universitário.
Agora Paraná – Como a legislação e a constituição regulamentam escolas que trabalham com essa proposta pedagógica?
Roberto Rinaldi Jr – As escolas associadas à AECEP seguem a legislação com qualquer outra escola, pois são instituições prestando serviço à comunidade e dentro da regulação existente para essa atividade. Como já mencionei, a AECEP não controla o que fazem as escolas associadas, mas fornece materiais, referencial, treinamentos e eventos, para promover alinhamento e convergência de visão e de práticas entre os participantes. Coerente com nossa filosofia e princípios, reconhecimentos a individualidade das escolas e esperamos que tenham auto-governo para realizar o melhor com o que recebem. Incentivamos o intercâmbio entre os associados, para compartilhar boas práticas.
Agora Paraná – Quantos anos esta metodologia tem sido aplicada?
Roberto Rinaldi Jr – No exterior há mais de 40 anos. No Brasil, a primeira escola com essa proposta surgiu a quase 30 anos, e a AECEP existe desde 1997. Surgiu como necessidade de nos organizarmos para atender a crescente demanda de escolas interessadas.