Por que órgãos de saúde do mundo todo defendem o distanciamento social como melhor arma contra o Coronavírus?

O combate ao novo Coronavírus (Covid-19) tem motivado uma série de pesquisas científicas para compreender melhor o comportamento do vírus no organismo e também para criar uma vacina ou remédio que seja eficaz. Mas até o momento, a única maneira eficaz de controlar a propagação do vírus é adotar o distanciamento social, que nada mais é do que, preventivamente, ficar em casa evitando contato presencial com outras pessoas por um período.

O distanciamento social é muito importante, sobretudo, para os idosos. Eles têm sido o público mais vulnerável nas mortes por Covid-19. Mas o levantamento dos órgãos de saúde tem mostrado que muitas pessoas com menos de 60 anos também estão morrendo por complicações em decorrência da Covid-19. Mas é preciso atenção a situações de risco de complicações como: cardiopatas graves ou descompensados (insuficiência cardíaca, infartados, revascularizados, portadores de arritmias, hipertensão arterial sistêmica descompensada); pneumopatas graves ou descompensados (dependentes de oxigênio, portadores de asma moderada/grave, DPOC); imunodeprimidos; doentes renais crônicas em estágio avançado (graus 3, 4 e 5); diabéticos (conforme juízo clínico); e gestantes de alto risco.

Saudáveis? Seria fácil defender que somente essas pessoas ficassem isoladas por um período enquanto as outras pessoas “saudáveis” continuassem suas atividades normalmente. Mas dados científicos recentes mostram que a transmissão do novo Coronavírus pode ocorrer mesmo antes de a pessoa apresentar os primeiros sintomas. Neste caso, um exército de pessoas sem sintomas (aparentemente “saudáveis”) pode estar circulando livremente e ajudando a propagar o vírus, inclusive, a familiares que apresentam situações de saúde que precisam de mais cuidados para evitar o vírus.

Por essa razão, o Ministério da Saúde passou a recomendar que os moradores produzam em casa (com tecido) máscaras faciais e façam uso. Trata-se de mais uma medida para ressaltar o alto risco de transmissão dessa doença. Além disso, o Ministério tem reafirmado a necessidade de manutenção das medidas de distanciamento social como “o único instrumento de controle da doença disponível no momento”. Pessoas com sintomas que lembram gripe estão sendo atendidas e orientadas pelos órgãos de saúde; algumas precisam apenas de isolamento por alguns dias, outras estão sendo encaminhadas para internação por apresentarem complicações.

Não há como evitar – O Ministério da Saúde tem sido taxativo ao dizer que “não há possibilidade de evitar a epidemia, há somente a possibilidade de diminuir o pico epidêmico em número de casos e distribuí-los ao longo do tempo a fim de preparar o sistema de saúde”. O Ministério reconhece que “os leitos de UTI e de internação não estão devidamente estruturados e nem em número suficiente para a fase mais aguda da epidemia”. Por isso, defende que as estratégias de distanciamento social adotadas pelos estados e municípios são uma importante contribuição para evitar o colapso dos sistemas locais de saúde. Colapso que já foi visto nos EUA, Itália, Espanha, China e que agora vem sendo observado no Equador.

O distanciamento social, conforme explica o Ministério, ajuda que estados e municípios ganhem tempo para preparar os seus serviços de saúde para receber esse aumento de procura. Onde não houve tempo de preparo e/ou não houve distanciamento social aplicado a tempo houve colapso. E o que significa colapso? Significa necessidade de internação acima da capacidade, número de casos graves maior do que a Saúde (pública e particular) consegue atender; número de leitos e respiradores artificiais insuficientes para atender a todos que precisam; falta de equipamentos de proteção individual para os profissionais de saúde atenderem a população (o que leva esses profissionais a serem vítimas da epidemia) e morte de muitas pessoas que, em outros momentos sem epidemia, poderiam ter atendimento adequado.

Vai passar logo? Dentro das fases epidêmicas que os especialistas consideram (epidemia localizada, aceleração descontrolada, desaceleração e controle), a maioria dos municípios ainda está na fase de transmissões localizadas, portanto, no período inicial. Apenas no Distrito Federal e os Estados de São Paulo, Ceará, Rio de Janeiro e Amazonas é que a fase da epidemia pode estar entrando na fase de aceleração descontrolada, que é quando dispara o número de casos graves, internações e a ocorrência de mortes. Por isso, cada vez mais, as ações de saúde estão voltadas para atender ao contexto da epidemia naquela localização específica.

*Com informações do Boletim Epidemiológico 07 do Ministério da Saúde.