Projeto incrementa cadeia de hortifrúti e amplia renda de agricultores

Um projeto iniciado pelo Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná-Iapar-Emater (IDR-Paraná) possibilitou que, em apenas quatro anos, hortifrutigranjeiros de dez municípios da região de União da Vitória dessem um salto na profissionalização do negócio e na garantia de clientela o ano todo. Em alguns casos, a renda dos produtores aumentou em dez vezes.

“Nós sabíamos que existia a vontade dos consumidores adquirirem produtos da região, que os produtores precisavam de um mercado mais estável e que os compradores queriam produtos de qualidade”, afirmou o extensionista José Eustáquio Pereira. Mas os produtores não tinham pleno conhecimento da atividade, não identificavam os compradores e tampouco o comércio regional sabia o que era produzido.

Depois de um levantamento de informações e do envolvimento de 78 diferentes instituições, o IDR-Paraná colocou em prática o Projeto HF, de hortifrúti. A partir dele, cresceu o uso de tecnologia nas lavouras, assim como a produção de alimentos agroecológicos e orgânicos, e os clientes tomaram conhecimento e interessaram-se pela compra. A renda dos produtores também aumentou e, ainda este ano, haverá um centro virtual de comercialização.

O princípio do projeto era que todos os segmentos do setor deveriam receber atenção. “Criamos um plano para o setor produtivo com a assistência técnica, foi construída uma agroindústria em Cruz Machado e fizemos um plano de marketing para informar sobre a produção”, disse Pereira. Foi instituído, inclusive, um programa de desconto de IPTU para o comerciante que adquirisse produtos da região e comprovasse a compra com nota.

MARCA HF

Os técnicos do IDR-Paraná capacitaram os produtores para melhorar a qualidade dos hortifrútis. Atualmente, 62 estão ativos no projeto e outros 112, cadastrados a participar. Pelo lado do comércio, o projeto reúne 59 empresas comprometidas com a venda e com a divulgação da marca HF.

RENDA

Para o produtor, a ampliação do mercado trouxe mais renda. Antes, muitos dependiam do mercado institucional, basicamente a merenda escolar, que era reduzida em período de férias. Agora eles têm mercado contínuo. As famílias do projeto entregam, aproximadamente, 500 quilos de hortifrútis por semana.

“A renda média per capita passou de R$ 400 para R$ 4,5 mil mensais e tem agricultor que ganha bem mais”, destacou Pereira. “Os mercados também aumentaram em 400% as vendas dos produtos com a marca HF.” Isso se refletiu na propriedade, com melhoria das moradias e mais investimentos, como sistemas de irrigação e estufas.

MODERNIZAÇÃO

Segundo o extensionista, a modernização das práticas agrícolas é notória. Muitos produtores estão implantando sistemas de hidroponia. Há outros que são orientados por técnicos da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) a controlar o uso de agrotóxicos. Outros 25 agricultores já têm a certificação para produção orgânica, enquanto um grupo está em fase de conversão.

Sob orientação dos extensionistas, produtores e compradores participaram de rodadas de negociação. Com o objetivo de manter o equilíbrio, os preços da Ceasa foram usados como ponto de partida.

O Projeto HF mudou a mentalidade do produtor e dos comerciantes. “Antes o produtor só vendia para os mercados locais quando o preço estava muito bom. Agora ele estabeleceu uma relação de confiança com os compradores e tem o compromisso de manter o abastecimento”, disse Pereira. “Queremos que influencie o mercado, oferecendo produto de qualidade.”

VENDA ELETRÔNICA

Segundo o extensionista, até agora os produtores não sofreram prejuízos em razão da pandemia. “As entregas não sofreram muito impacto e tudo está sendo feito conforme os protocolos de segurança”, garantiu.

A próxima etapa do projeto é lançar um site para vendas eletrônicas. Para isso, foi firmada parceria com o Instituto Federal do Paraná, Campus de União da Vitória, que desenvolve a plataforma. Pereira crê no crescimento do projeto, com a comercialização sendo feita em grupo e a adesão de agricultores que hoje se dedicam à cultura do fumo.

“A indústria fumageira está diminuindo a demanda e hoje conseguimos provar que as hortaliças são muito mais vantajosas, pois um pé de alface rende 14 vezes mais que um pé de fumo”, afirmou. Além disso, a Cooperativa Cresol contratou um agrônomo que dará assistência técnica a um grupo de produtores.