Humanização: Saúde leva cuidados paliativos ao domicilio dos pacientes
O cuidado paliativo, prestado por equipes multiprofissionais que trabalham na assistência do paciente e familiares diante de doenças que ameacem a continuidade da vida, é uma principais vertentes da atenção primária e atenção especializada, para reforçar o atendimento humanizado, segundo a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa). No Paraná, de acordo com levantamento da Diretoria de Atenção e Vigilância em Saúde, 3.958 pessoas receberam esse tipo de atendimento entre janeiro e maio deste ano, dentro da Rede de Atenção à Saúde (RAS). Os dados foram extraídos do Sistema de Informação da Atenção Básica (Sisab), do Ministério da Saúde.
“Historicamente, no Paraná os cuidados paliativos são ofertados de forma predominante na área hospitalar, com foco na oncologia. Entretanto, é necessário avançar para a prática desse cuidado em outros níveis da Rede de Atenção da saúde pública, considerando que muitos usuários com doenças ameaçadoras da vida estão nos domicílios”, diz a diretora de Atenção e Vigilância em Saúde da Sesa, Maria Goretti Lopes.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que a maioria das pessoas vivendo o processo ativo de adoecimento está em casa, sendo a família a provedora de aproximadamente 85% dos cuidados em saúde. Estima-se que mais de 56 milhões de pessoas ao redor do mundo e 625 mil, somente no Brasil, tenham necessidade desse tipo de cuidado.
Do total de atendimentos aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) em cuidados paliativos, de janeiro a maio deste ano, 1.200 foram realizados na atenção primária (prestada nos municípios) e 2.758 na atenção especializada, que envolve atendimento domiciliar e ambulatorial.
Esse cuidado integra profissionais de diversas áreas, como enfermeiros, técnicos de enfermagem, assistentes sociais, médicos, psicólogos e fisioterapeutas. Em todo o ano de 2023 foram registrados 13.099 atendimentos em cuidados paliativos na atenção primária (4.150) e atenção especializada (8.949).
No Noroeste do Paraná, no município de Iguaraçu, de abrangência da 15ª Regional de Maringá, Luriko Tsukamoto, 86 anos, faz parte deste recorte, e recebe acompanhamento multiprofissional, feito pela equipe de saúde da família da unidade Copacabana. O atendimento domiciliar teve início em 2022. As visitas são realizadas, em média, uma vez por mês pelo médico e semanal ou quinzenal por equipe formada por técnica de enfermagem, enfermeira e fisioterapeuta, além do acompanhamento no município, com o geriatra. Ela tem hipertensão arterial e doença de Alzheimer.
NOVO GRUPO – O Governo do Estado acompanha essa necessidade e tendência mundial de atendimento domiciliar. Nesse contexto, a Sesa instituiu, em outubro do ano passado, por meio da
, o Grupo Condutor, responsável pela elaboração e monitoramento do Plano Estadual de Cuidado Paliativo no Estado.No início deste mês de junho, cerca de 100 profissionais das Regionais de Saúde se reuniram para aperfeiçoarem seus conhecimentos no tema, a fim de replicarem aos demais profissionais que atuam nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e ambulatórios dos municípios. O encontro fez parte de mais uma etapa do PlanificaSUS, projeto estratégico de reorganização e metodologias do SUS.
EXPERIÊNCIA DOS HOSPITAIS – Esta humanização no cuidado com o paciente também é uma busca dos hospitais, que contam com equipes ou mesmo centros de cuidados paliativos. Em 2023 houve 7.488 atendimentos, em 18 unidades hospitalares, visando proporcionar uma experiência mais digna e confortável para os pacientes. A comissão de cuidados paliativos dos Hospitais Zona Norte e Sul de Londrina, no Norte do Estado, acompanhou 226 pacientes.
Aqueles elegíveis para cuidados paliativos são do próprio município ou referenciados da Macrorregião Norte. No total são 16 leitos exclusivos, das duas unidades hospitalares. Todos os pacientes internados recebem atendimento multiprofissional, contando com médico exclusivo, psicóloga, nutricionista, fisioterapeuta, assistente social e equipe de enfermagem.
“A enfermaria possui horário de visita ampliado, permitindo um número maior de visitantes por paciente. Isso visa humanizar o ambiente hospitalar, tornando-o mais acolhedor e impactando positivamente a experiência e o conforto dos pacientes”, afirma Reilly Lopes, diretor-geral do Hospital Zona Norte.
Para o diretor-geral do Hospital Zona Sul, Geraldo Júnior Guilherme, trata-se de um trabalho maravilhoso, acolhedor e que envolve muitas pessoas. “Humanizamos a assistência em pacientes com pouca perspectiva terapêutica. Esse cuidado evita medidas invasivas e agressivas. A terminalidade da vida deve ser digna para todas as pessoas. É uma forma moderna de tratar e cuidar das pessoas”, complementa.
EFETIVIDADE – Em dezembro de 2023, o Ministério da Saúde anunciou a implantação da Política Nacional de Cuidados Paliativos, com a adesão de estados e municípios. A Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP) e a Frente Paliativista têm mapeado diversos lugares que ofertam esses cuidados, mas a autodeclaração dos serviços ainda é incipiente.
“Essa política pública está em andamento no Paraná, assim como em todo o país. Estamos expandindo esse cuidado e capacitando os profissionais para identificarem quem são esses pacientes e quais são elegíveis. Nossa prioridade é sempre, valorizar a vida”, finaliza Maria Goretti.