Celebrando finais
Sempre fui da ideia de que nem a raiva supera a indiferença. Acontecer algo que costumava te machucar e ser tomada por uma enorme sensação de vazio é impagável.
As mais de 5 receitas de risoto testadas a quatro mãos e aprovadas. Os banhos de chuva. Os bares no fim de noite. Os dedos entrelaçados. A ansiedade pelas chegadas. A decepção dos desmarques. Os beijos e os abraços que pareciam intermináveis.
Hoje acordei, não senti aquela presença ao meu lado e me dei conta de que tudo é cíclico. E todo fim é um começo. Uma nova chance. Um sapato novo. Um encontro. Um Tinder baixado no celular. E tudo bem com isso, sabe? Não há nada de errado em celebrar finais.
É quase que um ano novo. Um final de relacionamento nos faz viver o luto, mas nos traz promessas de tempos melhores. E quase sentimos o cheiro dos fogos de artifício. Damos adeus ao que passou e saudamos o novo. É a oportunidade de vestir roupas guardadas, usar o Ruby Woo da MAC que a gente jurava que não caía bem. É o marcar de encontros. O descobrir que, talvez, nem todos os encontros sejam bons. É o chorar ao final do dia com aquela saudade apertada. E, finalmente, o olhar no espelho e pensar: “eu consegui!”. Superar fases e abrir novos ciclos pode ser dolorido. Mas a boa notícia é que, no fim, todos conseguimos.
O interessante é sentar em uma mesa de bar, tomar o primeiro gole de cerveja gelada e perceber que aquelas 5 receitas de risoto, os banhos de chuva e os dedos entrelaçados foram bons. Mas, agora, ficam onde devem ficar: nas lembranças.