Em carta de próprio punho, Oswaldo Eustáquio denuncia agressão de policial e pede socorro
O jornalista investigativo Oswaldo Eustáquio, preso desde o dia 21 de dezembro do ano passado, escreveu longa e detalhada carta, encaminhada ao Jornal da Cidade Online, para esmiuçar como tem sido a sua rotina de prisão e o tratamento dos agentes penitenciários pagos pelo Estado para manter a saúde e integridade física dos encarcerados.
No início do relato, Eustáquio “abre” a carta dizendo que os agentes penitenciários desconfiaram de uma possível trama para resgatar o profissional de imprensa do Hospital Regional de Paranoá, em Brasília, onde ele está internado para tratamento das sequelas de queda sofrida dentro do Complexo Penitenciário da Papuda; onde estava preso, preventivamente.
“Em uma hora da manhã do meu 31º dia de prisão. Precisamente, no dia 16 de janeiro, fui questionado pelo policial se eu tinha um primo com gol branco. Informei que meus primos não vivem no DF (Distrito Federal). O policial estava em conversa com o seu adjunto, Renan, que desconfiou de um possível resgate. Acham que havia uma trama para uma suposta fuga. Solicitei que fizessem uma ocorrência na Polícia Militar”, denunciou.
E completou:
“Eles não quiseram fazer. Ou seja: não estavam preocupados com a minha integridade física. Quando descartou a pífia desconfiança de fuga, ignoraram a situação; mesmo com o risco eminente de ser uma emboscada”, declarou o jornalista, acrescentando que um dos seus algozes é esquerdista declarado.
“Renan, o agente, é um esquerdista declarado e prevaricou ao não avisar a Polícia Militar; mesmo que para registro,” salientou.
Como se não bastassem o sentimento de insegurança e a ausência da família, o comunicador demonstra temer pela vida; já que, na tarde do domingo (17), foi agredido por agente do presídio, onde é mantido em cárcere ilegal há 32 dias. O autor da agressão seria o policial “Pacheco”, da Papuda. Ele, por duas vezes, chutou as pernas de Eustáquio, que estava na cadeira de rodas em consequência de uma queda em dezembro do ano passado na cela em que estava e que culminou na perda dos movimentos dos membros. Na ocasião, Eustáquio estava sob a custódia do DF, no presídio da Papuda.
Oswaldo contou que a agressão foi motivada após a esposa do jornalista levar até a recepção do hospital uma sunga para que Eustáquio inicie o tratamento de Hidroterapia no excelente hospital em que está internado. Sem razão aparente, Pacheco impediu que o material para o tratamento fosse entregue ao jornalista pela equipe do estabelecimento e, questionado pelo comunicador sobre a ilegalidade da medida, foi agredido de forma covarde.
Após o ato de violência, o policial penal ficou nervoso e avisou o chefe no presídio, que o afastou da escolta, logo após o ocorrido. O agente utilizou, indevidamente, o nome da juíza de Execuções do Distrito Federal, Leila Cury, para justificar as agressões física e moral a Eustáquio. Aparentemente, desnorteado, Pacheco voltou ao hospital, às duas horas da manhã, na tentativa de tramar com um colega, que se negou a falar o nome, um relatório fraudado com o objetivo de criar uma narrativa para amenizar a agressão e tentar escondê-la.
“Durante a madrugada, eles gritavam e davam risada, regozijando-se e celebrando a agressão ter sido abafada. Entraram no quarto e começaram a zombar de mim: cadê o Bolsonaro? Você está preso e eu sou o Estado e meu papel é transformar sua vida em um inferno”, disse o tal agente, colega de Pacheco, recusando-se a dizer o nome.
“Procure meu nome no relatório que vai te ferrar. Já falei com o Anderson Secretário de Segurança do DF e ele disse que vai falar com a Dra. Leila Cury para te ferrar e indeferir todos os seus pedidos. Você ficará sem visita da família e vamos proibir a entrada do seu advogado”, ameaçou o desconhecido agente da escolta.
“Vamos ‘arrochar’ o Hospital para diminuir seu tempo de tratamento e, lá, no presídio, vamos acabar com você”, gritou, finalizando as ameaças.
Veja a carta escrita por Oswaldo Eustáquio: